Deputada Flora Isabel (PT/PI) |
Foi realizada na manhã desta
quinta-feira (28), audiência pública no Plenarinho da Assembleia Legislativa
para discutir a proposta de privatização da Eletrobrás e da Chesf. A proposta,
de autoria da deputada Flora Izabel (PT) reunião representantes do Sindicato
dos Urbanitários, Chesf, Eletrobrás e os deputados Evaldo Gomes (PTC), Firmino
Paulo (PSDB) e Juliana Moraes Souza (PMDB).
“Existe uma preocupação muito
grande porque onde houve privatização houve aumento do preço da energia e o fim
da tarifa social. O próprio agronegócio, setor agrícola, é prejudicado e há
demissões de trabalhadores. Então é nesse sentido que nós somos contra e
trouxemos o debate aqui para a Assembleia para que a Casa possa acompanhar esse
processo, que já foi iniciado com a privatização da Companhia Energética de
Minas Gerais (CEMIG) ontem”, explicou a deputada Flora Izabel.
Palestrante do evento, o
economista da Eletrobrás Piauí, Antônio Pereira, disse que com a privatização a
tarifa de energia elétrica deverá sofrer pelo menos quatro reajustes nos
próximos 12 meses.
“Nos últimos 8 anos, o reajuste
foi de 44%, ou seja, uma média de 5,5% ao ano. A partir de hoje, já antecipando
a privatização, o aumento é de 27% anunciado pelo Governo. E isso é só o
começo. Se privatizar a Eletrobrás e a Chesf nós teremos quatro reajuste de
tarifas em 12 meses. Tem esse de 27%, já está previsto uma flexibilização dos
contratos das distribuidoras para o novo controlador poder fazer uma nova
revisão tarifária em 2018, aí vem outro reajuste. E não para por aí. A ANEL
ficou glosando nossa base de remuneração para inviabilizar a empresa e agora
ela vai botar uma base correta, gerando um outro reajuste absurdo em 2018. E se
privatizar a Chesf e a holding tem a história da discotização, que é mais 17%,
e em outubro do ano que vem terá outro reajuste que é o da data base. Ou seja,
quatro reajustes em 12 meses. O consumidor piauiense vai aguentar?”, indagou
Antônio Pereira.
Sindicato quer frente parlamentar de defesa da Eletrobrás
O presidente do Sindicato dos
Urbanitários, José Paulo Sampaio, também defendeu a não privatização e a
criação de uma frente parlamentar em defesa das estatais. “Nós esperamos fazer
um amplo debate com os parlamentares e sociedade em defesa do setor elétrico
nacional, da CEPISA aqui no Piauí e da CHESF em nível de Nordeste, para que
assim a gente possa criar uma frente parlamentar para fazer a defesa das
empresas públicas”, afirmou.
Ele disse que a Eletrobrás tem
recebido muitos investimentos e tem melhorado o acesso das pessoas a energia
elétrica e a qualidade. Citou o caso de Teresina onde a Chesf está com uma
estação pronta na região da Taboca do Pau Ferrado que deve ser colocada em
operação agora em outubro para melhorar o fornecimento de energia na
capital. “Além do aumento na tarifa, o
risco de demissão dos funcionários é muito grande. Sem falar que a tarifa
social não existirá mais, uma vez que as empresas privadas só buscam o lucro”,
completou.
Mozart Bandeira, engenheiro e
ex-diretor de operações da Chesf, também defendeu a estatização das empresas.
“A privatização da Eletrobrás, em especial a Chesf, não significa apenas
entregar patrimônio construído pela engenharia nacional, mas também a
privatização da água, porque os rios onde estão instaladas essas barragens
serão usados para outros fins com o objetivo de gerar mais e mais lucro”,
alertou.
Governo do Estado é contra privatização
Representando o Governo do
Estado, o procurador Geral do Estado Plínio Clêrton Filho, trouxe a mensagem do
Governador Wellington Dias. “Governo do Estado já externou a sua posição contrária
a privatização da Chesf e da Eletrobrás. O Governador do Estado, junto com
todos os Governadores do Nordeste, assinaram uma declaração conjunta pugnando
pela manutenção do caráter estatal das empresas de energia elétrica Chesf e
Eletrobrás. Nós acreditamos que a venda da Eletrobrás e suas usinas pelo valor
que foi estimado é uma destruição do patrimônio público. Esses R$ 20 bilhões
que estão sendo colocados é infinitamente menor que o valor de mercado real
dessas empresas. Nós achamos que eles valem, pelo menos, 10 vezes mais do que o
valor proposto. Só a Chesf tem dez vezes mais capacidade instalada do que a
CEMIG e suas quatro usinas, que foram vendidas ontem por R$ 12 bilhões”,
explicou o procurador. Fonte: Alepi
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