Senadora Regina Sousa. do PT, durante debate em Teresina |
Um alerta para as entidades
sindicais do Piauí e de todo o Brasil: elas começarão a sentir, a partir de
março de 2018, o peso do fim do imposto sindical que começou a vigorar com a
Reforma Trabalhista. Quem chama a atenção é a senadora Regina Sousa (PT-PI),
que na manhã de sexta-feira, 24, participou com palestrante do curso da Rede
de Educadores Populares no Memorial Esperança Garcia, em Teresina.
Em vigor desde o dia 11 de
novembro, a reforma trabalhista representa a primeira grande mudança para os
sindicatos brasileiros em 80 anos. Segundo estudo do pesquisador André Gambier
Campos, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o fim da
contribuição obrigatória, prevista na nova legislação, representará uma queda
de mais de 60% da arrecadação dos mil maiores sindicatos do país, aqueles com
dez ou mais funcionários.
A Central Única dos Trabalhadores
(CUT), a maior do país, estima perda de 35% da receita com o fim do imposto
sindical. "É a central menos dependente do imposto e sempre defendeu o fim
da contribuição compulsória. Tem principalmente sindicatos de servidores
públicos, que não descontam a contribuição compulsória, mas repassam parte das
mensalidades do sindicalizados à central. Os outros sindicatos da central
também repassam parte das mensalidades", observa Quintino Severo, diretor
de Finanças da CUT nacional.
Regina Sousa relembrou a história
de luta do movimento sindical no Piauí. "Sou fruto das oposições
sindicais, no meu caso oposição ao Sindicato dos Bancários. Cartazes eram
feitos de papéis que iam para o lixo no Banco do Brasil e eu recolhia",
lembrou. "Não é que tenhamos saudade, mas é para vocês saberem o
sacrifício que a gente já viveu. Eu me vejo voltando ao passado nas lutas
porque a gente trabalhava sem ter recurso. Lembro que fomos fundar a CUT em São
Paulo. Éramos cinco mil delegados num galpão, num frio de doer, e nós dormíamos
no chão. Colocávamos colchonetes bem fininhos e era assim que a gente dormia,
encostado um no outro pra passar o calor. E era uma alegria, uma vontade, em
plena ditadura militar", contou.
A parlamentar fez algumas
críticas às políticas defendidas pelo atual governo, dentre elas os cortes
orçamentários, e chamou os educadores populares a participarem da luta. "É
necessário tempo para o movimento. Como dizia Guimarães Rosa, o que a vida quer
da gente é coragem", concluiu.
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