MA: Janela para troca partidária definirá o quadro de candidaturas para as eleições de outubro

Zé Reinaldo, Sarney Filho e Eliziane Gama 


Começa hoje, e durará 30 dias, um dos períodos mais movimentados e tensos da pré-campanha para as eleições de outubro: a janela para que detentores de mandato possam mudar de partido sem perder o direito de se candidatar, fora, portanto, da regra que exige filiação partidária de um ano para quem pretende ser deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República. Tramada na reforma política, a janela foi a fórmula encontrada por deputados federais e senadores para garantir ajustes de última hora na vida partidária de parlamentares que se enrolaram nesse item essencial da corrida eleitoral, como é o caso do ex-governador José Reinaldo Tavares, que não teve condições de permanecer no PSB e procura uma legenda que lhe assegure uma vaga de candidato a senador. Vários deputados estaduais e federais estão mudando suas rotas partidárias, como fez recentemente o vice-governador Carlos Brandão, que migrou do PSDB para o PRB, levando junto uma penca expressiva de prefeitos.

A migração partidária é um evento comum na vida política brasileira, mas demonstra a extrema fragilidade das agremiações partidárias nacionais. A maioria dos partidos não tem ideologia definida, não professa uma doutrina nem apresenta um programa mínimo a ser usado como mote de campanha. São grêmios que acomodam troianos e espartanos, não exigindo deles qualquer compromisso com a Grécia. É verdade que já se começa a falar em esquerda, centro e direita da vida política brasileira. Mas é mais verdade também que a democracia brasileira está longe de ser sustentada numa estrutura partidária construída por ideias, e não por grupos de interesses que dão as cartas no Congresso Nacional, como faz o “Centrão” todas as vezes que Câmara Federal e Senado são desafiados a dar demonstração de modernidade política.

Na prática, é muito estranho, inexplicável mesmo, que um político do tamanho de José Reinaldo Tavares – ex-secretário de Estado, ex-ministro, deputado federal, ex-governador e figura central de um movimento que mudou o cenário político do Maranhão em 2006, com a vitória de Jackson Lago (PDT) sobre Roseana Sarney (PMDB) – não esteja enraizado num partido cujas ideias defenda como fazem os líderes, e se encontre na angustiante condição de um “sem partido” tentando encontrar uma agremiação partidária que lhe assegure o direito de se candidatar ao Senado. Mais grave ainda: sendo “cozinhado” pelo DEM. Ao mesmo tempo, é surpreendente, espantoso mesmo, que um partido como o PRB, que não diz claramente por que existe, se transforme, como num passe de mágica, numa “potência” partidária ao receber nos seus quadros o vice-governador Carlos Brandão, mais de uma dezena de prefeitos, várias dezenas de vereadores, porque o PSDB decidiu emagrecer no Maranhão, perdendo quadros do quilate do prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, que migrou para o DEM.

A janela vai permitir a movimentação partidária de uma série de políticos de porte respeitável, mas que, a exemplo do ex-governador José Reinaldo, estão sendo impulsionados pela conveniência. Deputado federal no décimo mandato, a maioria deles engajada na causa ambiental, Sarney Filho, atual ministro do Meio Ambiente, pode deixar o PV, que ajudou a fundar e consolidar, para migrar para o PSD, visando melhorar sua condição de candidato a senador, abandonando.  Na mesma trilha, a deputada federal Eliziane Gama, representante do PPS que saiu das urnas de 2014 como campeã de votos, está prestes a migrar para o DEM, dando uma impressionante guinada ideológica da esquerda para a direita. Vale ainda registrar um exemplo absolutamente surpreendente: o ex-deputado Murad, nasceu no PDS e transitou por PFL, PMDB, PDT, PSB e agora sentou praça no PTN, pelo qual afirma que será candidato a governador do Estado no pleito que se avizinha.

É difícil prevê como ficará o quadro partidário do Maranhão depois que a janela for fechada, no dia 7 de Abril. Mas é possível afirmar que as mudanças previstas serão suficientes para alterar expressivamente o cenário do momento. (Com informações da Coluna Repórter Tempo).



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