Senadora Regina Sousa (PT-PI) |
Uma moradora de rua, mãe de muitos filhos é esterilizada à
força. Ela não consentiu nem quis, voluntariamente realizar a cirurgia. A
decisão foi de um promotor de justiça, que propôs não uma, mas duas ações
judiciais contra ela para impedi-la de ter outros filhos. O juiz não se deu ao
trabalho de ouvi-la e despachou a cidadã do município de Mococa (SP) ao centro cirúrgico.
“O promotor é de Justiça, para promover a Justiça. Então, o
que ele tinha que fazer era buscar solução para o problema social dessa mulher.
E o juiz é de direito. Então, o juiz tinha que garantir os direitos dessa
mulher como cidadã brasileira”, observou a senadora Regina Sousa (PT-PI), em
pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (13).
Chocada com a denúncia do professor Oscar Vilhena Vieira,
publicada pelo jornal Folha de São Paulo, a presidenta da Comissão de Direitos
Humanos disse que impedir, à força, uma mulher de ter mais filhos equivale a um
estupro.
“Esse caso só vem demonstrar a discriminação da mulher. Eu
fico me perguntando: será que eles pegariam um homem para fazer vasectomia e
esterilizá-lo na marra? Se nada for feito, isso vai virar moda, porque eu me
lembro que, em 1989, havia um presidenciável que defendia isto: para acabar com
a pobreza no Nordeste, era só esterilizar as mulheres nordestinas”, indignou-se
a senadora piauiense.
Para Regina, o combate à violência no Brasil é só uma utopia.
“Não adianta, todo ano, sair um Atlas da Violência e ficar só no discurso. Não
existem políticas para essas pessoas. Então, onde nós vamos chegar no próximo
Atlas da Violência?”, questionou, referindo-se ao documento produzido pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP) e divulgado no começo deste mês. “Não existem
políticas para essas pessoas”, lamentou.
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