Por Adriano Sarney
Publiquei um artigo que chamou muito a atenção da classe
política e jornalística intitulado de “A oposição no Maranhão”. Nele analisei
os 40% do eleitorado que preferiu não votar no governo atual nas eleições de
2018 e os grupos que compõem esse campo. Após reiterados pedidos para escrever
sobre a movimentação dos que fazem parte da situação, cedi com muita hesitação
à tarefa que faço agora. Não tenho a mesma legitimidade de falar dos grupos
ligados ao governo como tenho de discutir a oposição da qual sempre fiz parte
desde que entrei na vida pública. Mas como articulador dessa coluna, todo pedido
do leitor é uma ordem. Tentaremos.
Vejo que os principais grupos ligados ao governo são os que
comandam os maiores espaços de poder. As instituições mais fortes são o Palácio
dos Leões, a Prefeitura de São Luís e a Assembleia Legislativa. Existe também
outros veículos políticos importantes como os partidos, os mandatos
legislativos federais, a Federação dos Municípios do Maranhão (Famem) e o
comando de prefeituras do interior. Isto posto vamos agora preencher o
tabuleiro.
O Palácio dos Leões em toda a sua história só perdeu duas
eleições, uma para José Sarney e outra para Flávio Dino. É inegável que o
governador ainda é a figura central do grupo que o elegeu. Mas quando ele se
desvincular do cargo para disputar o Senado ou a Presidência da República, o
mandatário será o vice Carlos Brandão, provável candidato ao governo. Com a
mais poderosa máquina eleitoral do estado, Brandão será a única situação e quem
não o apoiar será automaticamente oposição. Dino, caso seja candidato ao
senado, estará com Brandão pois não vai arriscar uma campanha contra os
Leões. No caso de uma candidatura a
Presidente ou Vice Presidente, Flávio poderá romper com Brandão visando um
acordo nacional com o PDT, por exemplo. Trocaria espaços nacionais pelo apoio a
candidatura do senador Weverton Rocha ao governo do Maranhão. Se isso
acontecer, abre caminho até mesmo para o vice-governador se articular com o
governo federal, adversário de Flávio Dino.
Existe uma grande expectativa de poder em torno de Carlos
Brandão – e isso conta muito em política – mas enquanto a caneta não estiver na
sua mão, o segundo homem, após Flávio Dino, que detém hoje mais influência no
grupo de situação é Weverton Rocha. A segunda maior estrutura política do
estado, a Prefeitura de São Luís, é sua aliada. Ele detém um mandato de Senador
da República (mesmo estando na oposição ao governo federal), é presidente e
cacique nacional de seu partido, o PDT, comanda a Famem, tem influência no
governo estadual e manda no Sistema Difusora de Comunicação. Weverton quer ser
candidato a governador e trabalha dia e noite para isso. Mas terá que manter o
controle da Prefeitura de São Luís ano que vem e lidar com as pretensões de
Brandão caso não queira ser oposição ao governo em 2022. A realidade é que ele
não tem nada a perder, seu mandato de senador é de 8 anos.
Nesse tabuleiro, colocaria ainda o deputado Othelino Neto,
que exerce uma liderança natural por presidir o Poder Legislativo até 2022.
Para sacramentar seu protagonismo no grupo, ele pretende alçar voos mais altos
nas próximas eleições estaduais. Poderá também, quem sabe, comandar ou
participar de um processo de eleições indiretas caso vague o posto de
governador na dança das cadeiras do último ano de governo.
Fato é que o cenário dos governistas ainda está bastante
nublado, assim como o da oposição. A diferença é que eles têm todos esses
espaços de poder que dão margem para olhar as coisas de um pedestal. Aliás,
bote pedestal nisso. Não se pode menosprezar a força do governo federal que irá
certamente fomentar um palanque forte e consequentemente bagunçando o jogo. As
cartas estão na mesa!
Adriano Sarney é deputado estadual e presidente do PV/MA |
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