Por Da Redação, de Veja
O presidente Jair Bolsonaro repreendeu as declarações do
filho caçula, Eduardo, sobre a possível reedição do AI-5 no país (José Dias/PR)
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 31,
que o filho caçula, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), é quem deve
ser cobrado pela declaração em que cogitou a reedição do Ato Institucional nº 5
em caso de “radicalização” por parte da esquerda. Bolsonaro disse que o AI-5
foi adotado quando “existia outra Constituição” e que quem pensa em instituir o
ato novamente “está sonhando”.
“Não existe. AI-5, no passado, existia outra Constituição,
não existe mais. Esquece. Vai acabar a entrevista aqui. Cobrem dele. Quem quer
que seja que fale em AI-5 está sonhando. Está sonhando. Está sonhando. Não
quero nem ver notícia nesse sentido aí”, declarou o presidente na saída do
Palácio da Alvorada.
Questionado novamente sobre o assunto, Bolsonaro reiterou que
as cobranças devem ser direcionadas a Eduardo. “Olha, cobre você dele. Ele é
independente. Tem 35 anos se eu não me engano. Mas tudo bem. Lamento. Se ele
falou isso, que eu não estou sabendo, lamento. Lamento muito”.
Eduardo cogitou a reedição do AI-5 quando foi questionado
sobre os protestos no Chile e a eleição de Alberto Fernández na Argentina,
tendo como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. “Se a esquerda radicalizar a
esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser
via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como
aconteceu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, declarou.
Os partidos de oposição anunciaram que irão mover uma ação no
Conselho de Ética da Câmara para pedir a cassação do mandato de Eduardo.
Segundo o líder da oposição na Casa, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), ao
ameaçar o povo brasileiro com a volta da ditadura, Eduardo fere mortalmente o
juramento que fez ao tomar posse, prometendo defender a Constituição. Além
disso, ameaça a instituição que integra, já que o AI-5 provocou o fechamento do
Congresso.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
afirmou que Eduardo, líder do PSL na Casa, poderá ser punido por ter cogitado a
reedição do AI-5. Maia disse que a fala é repugnante e deverá ser repelida
pelas instituições brasileiras. Ele acrescentou que o país “jamais regressará
aos anos de chumbo”.
0 Comentários