Por Afonso Ferreira e Pedro Alves, G1 DF
Professor do DF usou quadro branco para escrever expressões
de sexo explícito — Foto: Reprodução
A Polícia Civil do Distrito Federal vai ouvir o professor de
português que foi afastado após usar expressões de sexo explícito durante aula
a alunos do 6º ano. A informação foi confirmada ao G1 pelo delegado da 2ª
Delegacia de Polícia, na Asa Norte, Laércio Rossetto, nesta terça-feira (19).
Segundo o delegado, os investigadores reúnem as provas
necessárias para analisar o caso. Em seguida, o professor deve ser chamado a
depor.
"A investigação está como prioridade na 2ª DP",
afirmou.
O diretor da escola e pelo menos cinco famílias registraram
queixa contra o educador na Polícia Civil.
"O professor de português do 6º ano havia ministrado
aula com conteúdos e palavreados completamente inadequados e fora do currículo
escolar", diz a ocorrência.
Ministério Público
O caso está sendo investigado também pelo o Ministério
Público do Distrito Federal (MPDFT). De acordo com o MP, o inquérito corre em
sigilo para preservar o andamento das investigações e porque envolve menores de
idade.
"A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc)
apura os fatos ocorridos no Centro de Ensino Fundamental 104, da Asa Norte, que
resultaram no afastamento de um professor", diz o MP.
Fachada do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104, da Asa
Norte. — Foto: TV Globo/Reprodução
Reclamações
A aula com expressões de sexo explícito foi ministrada a
alunos entre 11 e 12 anos. Estudantes que estavam na turma se sentiram
incomodados e fotografaram o conteúdo escrito pelo docente na lousa. Também
gravaram áudios durante a aula e mostraram para os responsáveis.
A corretora de seguros Vanessa Damares, mãe de um dos
estudantes, disse que ficou chocada com o conteúdo apresentado pelo professor.
"Primeiro que aquilo ali não é educação sexual. Eu acho
que aquilo é pornografia, uma coisa vulgar coisa que criança nenhuma merece
passar."
Uma outra mãe de aluno, a administradora Adriana Sarino
afirmou que o filho não conhecia as expressões antes do educador apresentá-las
em sala. "Fiquei perplexa porque o meu filho só tem 12 anos e dessas
palavras quase nenhuma ele conhecia ainda", afirmou Adriana.
O que diz o professor
Após a divulgação do episódio, a Secretaria de Educação do DF
informou que o professor era temporário e que ele foi mandado embora.
À reportagem, Wendel Santana, de 25 anos, reconheceu que
escreveu expressões de conotação sexual no quadro da escola e disse que a ideia
era mostrar a diferença entre maneiras formais e informais de falar sobre sexo.
Professor Wendel Santana tinha contrato temporário com a
Secretaria de Educação até o fim de 2019 — Foto: TV Globo/Reprodução
Ele disse ainda que "não recebeu treinamento
adequado". Segundo Wendel, não houve qualquer instrução por parte da
escola e o que propôs foi um exercício de linguagem.
"A linguagem que eles trazem pra mim é uma linguagem
totalmente informal. Foi isso que eu vi. O exercício que eu propus foi trazer
essa informação de linguagem informal e adaptá-la para uma linguagem formal,
que é a linguagem da educação de fato", afirmou Wendel.
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