Colunista de UOL
Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro
Imagem: ADRIANO MACHADO
Ex-secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno disse
ontem ao UOL que, se ele fosse o ministro Sergio Moro (Justiça), pediria
demissão e se lançaria candidato a presidente da República.
Bebianno está rompido
com o presidente Jair Bolsonaro, mas como a maior parte dos seguidores e
ex-seguidores do presidente, é fã de carteirinha do ex-juiz da Lava Jato.
E, como Moro, os lava-jatistas enxergaram como uma manobra de
enfraquecimento do ministro a possibilidade de desmembramento de sua pasta em
dois ministérios, o da Justiça e o da Segurança Pública. Este último seria
comandado por um especialista no setor.
O próprio Bolsonaro
chegou a anunciar essa hipótese, nesta semana, deixando claro saber que Sergio
Moro não ficará satisfeito se isto ocorrer.
Mas assessores, amigos e aliados do presidente alertaram-no
do perigo de deixar o ministro insatisfeito.
O recado de Bebianno é uma hipótese concreta: se o ex-juiz
deixar o governo, será um forte candidato à Presidência da República em 2022,
ameaçando a reeleição de Bolsonaro.
O próprio Sergio Moro fez chegar ao Palácio Planalto sua
insatisfação com o desmembramento do ministério. Não chegou a falar em
candidatura. Mas, para bons entendedores, isso está implícito.
Sem se colocar como candidato, o ministro já figura em quarto
lugar nas pesquisas de intenção de voto.
À sua frente, em primeiro lugar, há apenas três nomes que
estão há algum tempo com campanha nas ruas e que já concorreram outras vezes: o
próprio Bolsonaro, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Ciro Gomes.
Ou seja, Moro tem grandes possibilidades de crescimento e de
promover um estrago no eleitorado de Bolsonaro, caso rompa com o governo e se
lance candidato.
Mas o ministro, por sua vez, sabe que sua popularidade tem
sido o motor dos gestos do chefe visando o seu enfraquecimento. Moro tem plena
consciência de que a ameaça de agora tende a se repetir. E não sabe se das
próximas vezes haverá recuo do presidente. Tudo isso, junto e misturado, torna
absolutamente incerta e insegura a relação entre o ministro da Justiça e o
presidente da República. Num momento podem compor uma chapa para 2022, noutro,
podem se tornar adversários ou mesmo inimigos. É uma novela que ainda está
muito longe de terminar.
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