Parlamentares ficaram estarrecidos com as denúncias apresentadas nesta segunda-feira (22)
Foto: Reprodução (Alepi) |
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) que investiga a prestação de serviços prestados pela Equatorial colheu, nesta segunda-feira (22), o depoimento do professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) Paulo Fortes, que denunciou agressões verbais e ameaças recebidas por parte de um funcionário da empresa após o professor entrar em contato incessantemente com a empresa para reclamar da falta de energia em sua residência. De acordo com o depoente, embora tenha registrado um Boletim de Ocorrência e enviado à Ouvidoria, a Equatorial nunca deu qualquer resposta sobre o fato.
O funcionário, no entanto, teria enviado mensagem ao professor Paulo no dia seguinte, na tentativa de pedir que a denúncia não fosse levada adiante, com o seguinte argumento: "Eu tava na raiva na hora. A gente trabalha de segunda a segunda, não tem feriado, não tem folga de natal, não tem virada de ano, não tem final de semana. A gente tem produtividade pra entregar no final do mês. Eu tava perto de bater a minha meta pela primeira vez. Antes da tua ligação, já tinha atendido outro que foi muito grosseiro e demorou muito pra desligar e quando demora a produtividade não aumenta".
O deputado Wilson Brandão (Progressistas) afirmou estar estarrecido com o relato e enfatizou a responsabilidade do Estado, pois é quem faz a concessão à empresa. "Quantos e quantos, centenas e milhares de consumidores devem ser tratados dessa maneira também, por pressão de ter que cumprir a meta?", lamentou o parlamentar.
Já o presidente da CPI, deputado Evaldo Gomes (Solidariedade), disse estar convencido, pelos depoimentos colhidos até o momento, que a Equatorial não tem mão-de-obra suficiente para prestar serviço de qualidade. "Está comprovado. Além da falta de qualificação dos servidores, a Equatorial não tem servidor suficiente. Acredito eu, que nós temos que fazer com que a Equatorial, no final dessa CPI, possa contratar mão-de-obra qualificada e mais mão-de-obra pra prestar serviço de qualidade", frisou.
PREJUÍZOS - Como pesquisador, o professor Paulo tem autorização para realizar o plantio de cannabis, mas encontra grandes dificuldades porque a produção do medicamento requer ambiente controlado, principalmente quanto à exposição das plantas à luz. Além disso, realizava pesquisa agrícola em Boqueirão, mas o estudo foi inviabilizado pela falta de energia. "Eu tenho permissões, concedidas pela Universidade, pelo Governo, mas a Equatorial não me permite desenvolver meu trabalho", disse.
O depoente alegou que há pelo menos um ano e meio vem denunciando furtos de energia à Equatorial, já tendo enviado um mapa de onde estão as ligações clandestinas. "Quando eu denuncio incessantemente perdas por furto, digo onde o furto está e a Equatorial não faz nada, ela é conivente. Ela pega todo esse dinheiro do furto, que são as perdas, que são 7%, e coloca para os consumidores pagarem. É fácil vender eletricidade pra quem não reclama. Ela não fornece infraestrutura principalmente nas periferias e nas cidades pequenas porque o consumidor vai pagar. É muito mais conveniente pra ela colocar o consumidor pra pagar e ela não dá nenhuma assistência. Não manda carro, não coloca poste, não coloca fiação. Roubo é conveniente pra Equatorial, porque ela aumenta a quantidade de venda por volume e tem um consumidor fixo", frisou Paulo Fortes.
SUGESTÕES - O professor Paulo Fontes reconheceu que a CPI não pode dar soluções imediatas, mas disse esperar encaminhamentos. "A solução é simples, deputado. Chama-se intervenção. Cria um grupo de interventores, um pra gestão principal, um pra manutenção, um para o SAC [Serviço de Atendimento ao Consumidor] e um para a Ouvidoria. Pra que eles acompanhem a Equatorial e pra que nós tenhamos dados", sugeriu.
O deputado Nerinho (PT) considera que este foi o depoimento mais grave desde o início dos trabalhos. Por proposição do deputado Wilson Brandão (Progressistas), a CPI encaminhará ofício à Equatorial solicitando explicações em relação às ameaças recebidas pelo depoente e que o professor Paulo seja novamente convocado a depor no mesmo dia em que a Equatorial for convocada. Por Cristal Sá/Alepi
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